quinta-feira, 1 de maio de 2014

De bicicleta por Amsterdam


O primeiro impacto ao chegar na estação central de trens de Amsterdam é se deparar com a quantidade de bikes dentro da estação, bastando passar a ‘catraca’ para que os ciclistas pulem nos selins e saiam pedalando ainda lá dentro. Mas ao passar das portas da Central, piscando os olhos e acostumando-se à luz exterior, é que vem o choque maior: a louca [e maravilhosa] quantidade e diversidade de bicicletas em todos os lugares possíveis e inimagináveis. Qualquer espaço com grade de ferro é lugar para elas: pontes, portões, grades de janelas de porões, postes, etc. As ciclovias, permanentemente lotadas, exigem um cuidado redobrado dos pedestres e ciclistas; os carros aparecem mais nos horários do rush [meio-dia e fim de expediente], em outros horários a grande maioria são carros de serviço [entregas e etc.] e da prefeitura. Ah! Os trens de superfície (TRAM) interligam toda a cidade. Mas para o morador de Amsterdam o melhor transporte é a magrela.
  
Bicicletada? Massa Crítica? Que nada, apenas o cidadão em seu cotidiano esperando o sinal ficar verde para ‘invadir’ a pista e fazer-se trânsito, não são manifestantes a reivindicar um direito básico que é uma simples ciclovia.

Como ciclista, estava louca pra alugar uma bike e desbravar a cidade. Fizemos isso no dia seguinte e a experiência foi excitante, mas também impactante. Você entra na ciclovia e tem que ficar esperto e atento do mesmo jeito que se dirige um automóvel numa cidade ou rodovia. Os ciclistas de Amsterdam são rápidos, habilidosos e tem pressa, muita pressa. Ficamos apreensivas nas primeiras horas de pedal, ainda mais por perceber que motos de pequeno porte (Biz, Scooter) também podem trafegar nas ciclovias, ultrapassando os ciclistas pelo lado esquerdo.


A bicicleta para o ciclista holandês não é a mesma coisa para nós brasileiros. Lá a bicicleta é trânsito, usada basicamente para se deslocar. As bicicletas de Amsterdam, na maioria grandes omafiets (vi só meia dúzia de montain bike), não são objetos de consumo, de desejo; não é ‘namorada’ como é para nós. Os ciclistas holandeses são desprendidos das suas bicicletas, muitas enferrujadas e desgastadas pelo tempo. Estão na maioria estacionadas nas ruas, normalmente 'coladas' umas nas outras, sob sol e chuva, pois os prédios de apartamentos do Centro histórico são do século XVII e não possuem elevadores, além das escadas serem estreitas.





Em Amsterdam não existem passeios ciclísticos, não existem pedais de fim de semana ou noturnos. Os praticantes de ciclismo de velocidade ou longas pedaladas parecem preferir as ciclovias ao longo das rodovias, devidamente sinalizadas e separadas das estradas por um canteiro de grama de cerca de um metro ou mais após o acostamento. Ou ainda as belíssimas ciclovias construídas por sobre os diques em que é possível ver o mar ou os canais formados e que também dispõem de áreas de piquenique com mesas e mirantes para observar a paisagem.




Pedalar em Amsterdam foi uma experiência única, prazerosa e culturalmente diferente. Você sai de lá com outro olhar sobre a bicicleta... e fica com uma inveja danada da Holanda!




4 comentários:

  1. Respostas
    1. Gostei do brasileiro que "namora" sua bicicleta.. mas é isso mesmo lá desde jovem a gente usa todos os dias para ir na padaria (o baguete em baixo do braço), para visitar os amigos, para ir na escola, etc..

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    2. Greyce, foi mesmo uma aventura estar em Amsterdam!

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    3. Pois então Marie, eu adorei ter conhecido Amsterdam - e poder ver como é diferente a relação que os holandeses tem com a bicicleta. No Brasil é exceção ver as pessoas indo de bicicleta à padaria, mercado, escola, pois não há incentivos a isso, com ciclovias seguras e decentes.

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