O primeiro impacto ao chegar na
estação central de trens de Amsterdam é se deparar com a quantidade de bikes
dentro da estação, bastando passar a ‘catraca’ para que os ciclistas pulem nos
selins e saiam pedalando ainda lá dentro. Mas ao passar das portas da
Central, piscando os olhos e acostumando-se à luz exterior, é que vem o choque
maior: a louca [e maravilhosa] quantidade e diversidade de bicicletas em todos
os lugares possíveis e inimagináveis. Qualquer espaço com grade de ferro é
lugar para elas: pontes, portões, grades de janelas de porões, postes, etc. As
ciclovias, permanentemente lotadas, exigem um cuidado redobrado dos pedestres e ciclistas; os carros aparecem mais nos horários do rush [meio-dia e fim de
expediente], em outros horários a grande maioria são carros de serviço
[entregas e etc.] e da prefeitura. Ah! Os trens de superfície (TRAM) interligam
toda a cidade. Mas para o morador de Amsterdam o melhor transporte é a magrela.
Bicicletada? Massa Crítica? Que
nada, apenas o cidadão em seu cotidiano esperando o sinal ficar verde para ‘invadir’
a pista e fazer-se trânsito, não são manifestantes a reivindicar um direito
básico que é uma simples ciclovia.
Como ciclista, estava louca pra
alugar uma bike e desbravar a cidade. Fizemos isso no dia seguinte e a
experiência foi excitante, mas também impactante. Você entra na ciclovia e tem
que ficar esperto e atento do mesmo jeito que se dirige um automóvel numa cidade ou rodovia.
Os ciclistas de Amsterdam são rápidos, habilidosos e tem pressa, muita pressa. Ficamos
apreensivas nas primeiras horas de pedal, ainda mais por perceber que motos de
pequeno porte (Biz, Scooter) também podem trafegar nas ciclovias, ultrapassando os ciclistas
pelo lado esquerdo.
A bicicleta para o ciclista holandês
não é a mesma coisa para nós brasileiros. Lá a bicicleta é trânsito, usada
basicamente para se deslocar. As bicicletas de Amsterdam, na maioria grandes omafiets (vi só meia dúzia de montain bike), não são objetos de
consumo, de desejo; não é ‘namorada’ como é para nós. Os ciclistas holandeses
são desprendidos das suas bicicletas, muitas enferrujadas e desgastadas pelo
tempo. Estão na maioria estacionadas nas ruas, normalmente 'coladas' umas nas outras, sob sol e chuva, pois os prédios
de apartamentos do Centro histórico são do século XVII e não possuem elevadores,
além das escadas serem estreitas.
Em Amsterdam não existem passeios
ciclísticos, não existem pedais de fim de semana ou noturnos. Os praticantes de
ciclismo de velocidade ou longas pedaladas parecem preferir as ciclovias ao
longo das rodovias, devidamente sinalizadas e separadas das estradas por um
canteiro de grama de cerca de um metro ou mais após o acostamento. Ou ainda as belíssimas
ciclovias construídas por sobre os diques em que é possível ver o mar ou os
canais formados e que também dispõem de áreas de piquenique com mesas e mirantes para
observar a paisagem.
Pedalar em Amsterdam foi uma
experiência única, prazerosa e culturalmente diferente. Você sai de lá com outro
olhar sobre a bicicleta... e fica com uma inveja danada da Holanda!
Caraca. Que aventura esse post.
ResponderExcluirGostei do brasileiro que "namora" sua bicicleta.. mas é isso mesmo lá desde jovem a gente usa todos os dias para ir na padaria (o baguete em baixo do braço), para visitar os amigos, para ir na escola, etc..
ExcluirGreyce, foi mesmo uma aventura estar em Amsterdam!
ExcluirPois então Marie, eu adorei ter conhecido Amsterdam - e poder ver como é diferente a relação que os holandeses tem com a bicicleta. No Brasil é exceção ver as pessoas indo de bicicleta à padaria, mercado, escola, pois não há incentivos a isso, com ciclovias seguras e decentes.
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