quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Blumenau, onde nos roubam até o céu!



Estão em plena campanha, não se acanham e nem disfarçam. Afora algumas vozes dissonantes, assistimos o passar dos tratores sobre nossas paisagens, horizontes e no que resta de áreas verdes em Blumenau. A ferro e fogo – temos o Frohsinn como testemunho –, eles avançam, protegidos por questionáveis alterações no plano diretor.

Uma das novidades agora é tentar extinguir parte de uma zona recreacional urbana para transformar em zona comercial, tudo para atender a interesses privados e especulativos de alguns poucos, construtores que querem construir em áreas destinadas à preservação de mata e prática de atividades esportivas. Esta é uma das mais de 30 matérias que estão para ser aprovadas numa audiência pública marcada para o dia 30/09, na Câmara de Vereadores. Sim, caro leitor e leitora, estão loteando e vendendo nossa cidade e a população não está ciente.

Afinal, para quê espaços verdes e de lazer? Os prédios estão aí brotando até em beira de rios, para cegar suficientemente nossos olhares e tornar nossa vida ainda mais quente neste vale, que de “europeu” só tem o nome que vendem em campanhas de marketing rasas e de gosto duvidoso.

Em Blumenau, um dos "Arranca-céu",
por Charles Steuck

Bastam-nos as pequenas praças, vergonhosamente intituladas de parques, bem no meio do trânsito caótico e barulhento. Com nossas ruas cada vez mais lotadas de carros, precisamos mesmo é abrir mais vias, rodovias e pistas, para serem invadidas por mais motorizados, afinal, são emplacados em média 1.200 novos veículos por mês na cidade, que já é campeã do estado neste quesito.

Blumenau tem o hábito de exaltar as suas ‘grandezas’ confrontando-as com as mazelas de outras cidades, destaca a poluição paulistana e seu trânsito infernal, a violência carioca, e mal se dá conta que vem se transformando naquilo que mais critica. Os prédios a nos cobrir o céu e se esgueirar em nossas áreas verdes são uma prova disso. São Paulo está tentando voltar atrás e se construir como cidade mais humana, seguindo o exemplo de cidades europeias e de Nova York. Por que Blumenau não começa desde já? Por que Blumenau não aprende com o erro de outras cidades e se faz realmente melhor? Sem marketing, apenas multipliquem as áreas verdes, façam ciclovias, torne-se de fato a cidade jardim e deixem o nosso céu livre de tantos prédios arranca-céu!


Artigo publicado no Portal Desacato (Florianópolis), no Blumenews, Portal Controversas e Jornal de Santa Catarina.


segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Em ‘O Caso dos Ossos’, roubaram o Dr. Blumenau!


O livro “O Caso dos Ossos” (Ed. Liquidificador, 2014) trata sobre um investigador que está aposentado alguns anos da polícia civil, que resolve revelar um dos ‘casos especiais’ que teve que investigar e acobertar na cidade de Blumenau. A missão do investigador não era só descobrir quem praticou o crime, mas, sobretudo, encobrir o crime, a fim de manter incólume aqueles que comandam a cidade, direta ou indiretamente. É por meio do seu mea culpa que o leitor pode vir a realizar uma reflexão sobre as relações de poder que podem permear a cidade. Neste romance, a cidade é o personagem principal, por vezes dúbia e temperamental, permitindo que a narrativa não se atenha somente aos passos da investigação e à resolução do crime, como numa simples história detetivesca de crimes e mistérios. Esta construção possibilita ao leitor dar vida ao cenário e aos personagens, bem como reconhecer-se na cidade.

Mesmo descrito pelas autoras como um romance (anti)policial, dado o enredo e a construção da personagem do investigador, é bem verdade que a sua escrita se apropria da linguagem policial consagrada por escritores como Edgar Allan Poe, Conan Doyle, Agatha Christie, Georges Simenon, bem como os brasileiros Rubem Fonseca e Luiz Alfredo Garcia-Roza, entre outros.

O crime contado nesse livro comunga com o insólito, eis que descortina o roubo dos ossos do fundador da cidade, trazendo também à tona, de maneira sutil e por vezes sarcástica, alguns fatos que contribuíram para o processo de construção de um mito fundador e herói da cidade.

O livro foi contemplado com o Prêmio Elisabete Anderle da Fundação Catarinense de Cultura, edição 2013.

 Crítica

"Uma bem humorada e inteligente crítica à Blumenau e suas tradições (...) Há que se ler esse “Caso dos Ossos”. Talvez se possa, depois, entender um pouco mais esta cidade de Blumenau."
Urda Alice Kluger 
(leia a crítica na íntegra)

“Sally Satler e Carla Fernanda da Silva conseguiram ter êxito na difícil tarefa de escrever um romance a quatro mãos. Entre as idas e vindas do investigador pelas ruas, lugares e neuroses blumenauenses, as autoras ainda conseguiram inserir temas cruciais à nossa região, como, por exemplo, as questões da mobilidade urbana, da exaltação local ao nacionalismo alemão e dos conflitos e políticas culturais do município.
Nesta leitura, tão importante quanto descobrir os culpados de crimes há muito esquecidos é, também (e, talvez, principalmente), olhar com outros olhos a cidade a que estamos acostumados e que, ilusoriamente, acreditamos tão bem conhecer.
Depois deste primeiro romance, a vontade que surge é a de que Sally Satler e Carla Fernanda da Silva ajudem Schurkemann a subir novamente ao sótão de sua casa para que ele nos presenteie com a narração de outros dos seus “casos especiais””.
Gregory Haertel (leia a crítica na íntegra)


Lançamento:

Local: Feirinha Wollstein (Rua R. Mal. Floriano Peixoto, 89, Centro, Blumenau/SC)
Dia: 14/09/2014 (domingo)
Horas: a partir das 15h
Preço especial de lançamento: R$ 15,00


Sobre as autoras:

Sally Satler: é advogada e procuradora municipal. Descobriu na escrita uma forma de expor criticamente suas percepções sobre a cidade, a cultura, a arte, trazendo olhares de outros lugares e mundos. Escreve para portais e jornais de Florianópolis, Blumenau e região, bem como no seu blog: www.sallysatler.blogspot.com. Adora viajar, escrever, pedalar. É apaixonada pelas bicicletas.

Carla Fernanda da Silva: é historiadora e professora. Autora de Grafias da Luz: a narrativa visual sobre a cidade na revista Blumenau em Cadernos (Edifurb, 2009), organizou o livro Clio no Cio: escritos livres sobre o corpo (Casa Aberta, 2010), coorganizou o livro Corpos Plurais: Experiências Possíveis (Liquidificador, 2012) e a exposição fotográfica Escritos da Carne, contemplada pelo prêmio Elisabete Anderle (2010). Também coproduziu o documentário Cultura Negra: identidade e diferença em Blumenau. (2009). Adora ler, escrever, e é aficionada por fotografia.





Para saber um pouco mais sobre o livro, acesse:

Página do livro: 

Book trailer: